sexta-feira, março 23, 2007

Compromisso, felicidade e liberdade!

"A felicidade vem do compromisso. Alguns pensam que não, que uma pessoa mais solta, sem ligações nem obrigações, é mais feliz! Será? Ela faz o que lhe apetece e não o que quer. Fica escrava das ondas, das emoções, vai para onda puxa o que "está a dar" e não para onde quer e deve. Estar solto não é o mesmo que ser livre. E comprometer-se livra-nos da escravidão das fantasias e dos apetites."

in "Não Há Soluções, Há Caminhos", Pe. Vasco Pinto Magalhães

Hoje em dia, e para um número considerável de pessoas, os compromissos são a prazo. Sejam eles de que natureza for. É como se lê na embalagem de certos produtos: "consumir até..." E quantas vezes nos nossos compromissos (relacionamentos) somos "amigos até...", "casados até...", "fiéis até...", "cumpridores até..."? Talvez demasiadas vezes!

Muitas pessoas têm horror a comprometer-se e estabelecem logo à partida, ainda que por vezes de uma forma quase subconsciente, que todo e qualquer compromisso tem um prazo de validade. E são estas mesmas pessoas que às primeiras contrariedades da vida, deixam de lutar ("porque isso dá trabalho"), para seguir as ondas e emoções do que está a dar, do que é moda, tornando-se escravas dos seus caprichos, embarcando na loucura das experiências... A felicidade (ilusória) destas pessoas é efémera, e nunca se sentem totalmente satisfeitas com nada, pelo que vão saltitando de “compromisso” em “compromisso” sem tentarem chegar ao que é realmente importante. E muitas desilusões, certamente, irão sentir... São superficiais nos relacionamentos com os outros, no relacionamento com Deus (se é que sentem realmente Deus), e julgam-se felizes por serem um pouquinho disto e pouquinho daquilo!

Coloco então algumas questões que julgo pertinentes... Será que ir todos os domingos à missa faz de mim um bom cristão? Será que por garantir o sustento básico a um filho (alimentos, roupa) faz de mim um(a) bom(boa) pai(mãe)? Será que por dizer "bom dia" ou "boa tarde" faz de mim amigo de alguém? Será que por... Enfim!!!

Quantas e quantas vezes nos cruzamos com alguém e perguntamos "Então? Tudo bem?" e nem esperamos pela resposta! Então se não esperamos pela resposta por não sermos disponíveis, porque é que perguntamos se está tudo bem? Mais valia o simples "Bom Dia"... Evitamos arriscar que a pessoa diga que até está tudo mal e que até precisa de alguém para desabafar... Teríamos que nos comprometer em ouvi-la… e que grande “seca” iríamos apanharMas isso iria fazer-nos perder tanto tempo…
Quantas e quantas vezes um filho pede um pouco de atenção aos pais e estes não têm um tempinho de qualidade para lhe darem. "Olha, agora não! Vai ver o Panda!" (Nunca pensei que um urso pudesse educar tanta criança! É a sorte desta geração de pais... Haverem Pandas e Playstations...) Teriam que se comprometer a Estar com o filho e a respeitar o seu ritmo... Mas, isso iria fazê-los perder tanto tempo…
Quantas e quantas vezes na nossa relação com Deus nos ficamos por um conjunto de fórmulas que repetimos quase mecanicamente? Ou nos ficamos por ir “picar o ponto” na igreja todos os domingos? Ser um bom cristão é muito mais do que isto e às vezes ficamos tanto pela superficialidade das nossas acções… Mas, mais do que isso iria fazer-nos perder tanto tempo…

Amiúde nos esquecemos que as coisas e as pessoas só se tornam especiais quando “perdemos” tempo com elas… Quando nos comprometemos com elas!

“Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim...e nunca encontram o que procuram...E no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água...Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..."

“- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.”

E em jeito de conclusão-reflexão…
Será que o estabelecer de compromissos nos prende ou nos liberta? Será que o estabelecer pontes com os outros é sinal de prisão ou de libertação?
Seria o principezinho livre, por estar “preso” a uma rosa?

E nós, seremos realmente livres? Ou seremos prisioneiros dos nossos egoísmos?

RC

Sem comentários:

 
eXTReMe Tracker
eXTReMe Tracker