segunda-feira, novembro 19, 2007

A Inegualável

"O Nascimento de Vénus" (1485) - Detalhe
Botticelli
A Inegualável

Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada
Que não pudesse dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...

Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...

.................................................
.................................................
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...

- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...


Mário de Sá-Carneiro
(1915)

quarta-feira, novembro 07, 2007

Sugestão #4

"SOLISTAS"
Coreografia de Né Barros


Balleteatro Auditório, Porto
Quinta, 08 Nov 2007

21h30


Foto: © Delfim Bessa




O termo
solistas como sabemos está muito associado à música e ao papel que determinado artista tem no seio de um agrupamento, de um conjunto. Solistas, vive então de um paradoxo de condição existencial: para ser só tem de estar acompanhado! Nestes “Solistas” que absorve e dá continuidade aos traços fundamentais da versão inicial de 2005, o destaque pela diferença, o exibicionismo, o esquisito, o exótico, a independência, enfim, as singularidades são modos de entender o solista. Neste trabalho, tiramos proveito desta relação sujeito-atributo, subjacente à noção de solista, que explorarmos através de matérias que prolongassem ou substituíssem partes do corpo. Os indivíduos em palco são construções da imagem-gesto ou imagem-acção de uma condição de solista e o DJ funciona como um maestro sem batuta desta ficção até ao final onde todos, envolvidos por um único invólucro, são indiferenciados nos seus papéis, são parte de um todo. (Né Barros)


Direcção e coreografia: Né Barros
DJ: Nuno Coelho
Desenho de luz: José Álvaro Correia
Espaço cénico e figurinos: Né Barros e Cláudia Santos
Interpretação: Carlos Silva, Gustavo Gomes, Jorge Gonçalves, Pedro Rosa
Produção: balleteatro companhia
A versão original de 2005 foi co-produzida pelo balleteatro companhia e Culturporto/Rivoli Teatro Municipal.


Balleteatro Auditório
Praça 9 de Abril, 76, Porto
T: 225508918
producao@balleteatro.pt
http://www.balleteatro.pt

terça-feira, novembro 06, 2007

Évora... uma nova aparição

Sé de Évora
(vista da Rua 5 de Outubro)


"A cidade resplandecia a um sol familiar, branca, enredada de ruas, como de velhas ciladas, semeada de ruínas , de arcos partidos, nichos de santos das orações de outras eras, janelas góticas, como olhares embiocados. Évora mortuária, encruzilhada de raças, ossuário dos séculos , e dos séculos, como te lembro, como me dóis!"
in "Aparição" - Vergílio Ferreira



Templo Romano
(visto do Jardim do Templo)

"Subo a rua que me leva à Sé, viro no largo do Templo de Diana. E, nas colunas solitárias ouço como o murmúrio antigo de uma floresta imóvel. O Zimbório da Sé brilha, dourado ao sol matinal. Fico a olhá-lo longo tempo, parado sob um arco que se lança sob a rua, suspenso de silêncio e de memória."
in "Aparição" - Vergílio Ferreira

Travessa Torta
(vista da Rua do Rhaimundo)


Évora... Cidade nostálgica!
Ou seria eu, que no reencontro com a cidade e com o passado, me tornei nostálgico por um par de dias...? Percorrer novamente aquelas ruas caiadas foi reviver um filme de que gostei e amei... foi relembrar as alegrias que fundaram sólidas amizades, as paixões efémeras, os tormentos dos exames, as amarguras que fizeram crescer... Há sempre uma história para contar, por cada pedra do chão, por cada beco, arcada ou esquina... E tanto que haveria para contar!
E a saudade enorme que, entalada dentro de mim, me subia aos olhos a cada passo e me toldava o olhar! Ah... Évora! Se me deixasses voltar a viver aqueles tempos, vivê-los-ia mil vezes!
Évora... Cidade bela e inesquecível, resplandecente como a Luz!Cidade feiticeira, que me seduz...


Praça do Giraldo
(vista da Igreja de Santo Antão)

Fotos: Rui C.
(Évora - Novembro 2007)

 
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