Em meio século subjugado
Por tenebroso fascismo
Portugal foi mergulhado
No mais negro obscurantismo
Acrescendo às desventuras
«Pides» prendiam, matavam
Usando incríveis torturas
Aos que mudos não ficavam.
E fugindo ao cativeiro,
À fome e à guerra imperante
Se espalhou p’lo orbe inteiro
Um Portugal emigrante.
Mês se se sufoca a fala
Do protesto e indignação
Dentro d’alma ninguém cala
A voz de quem tem razão.
Dia após dia, hora a hora
A nossa gente ansiava
Ver raiar a nova aurora
Em que já não fosse escrava!
Deu flor a velha raiz:
E eis que heróis, de fronte erguida
Reconquistaram ao País
A dignidade perdida
Com coragem abnegada
E ânimo varonil
Abriram a madrugada
Do 25 de Abril!
Em denodado valor
Honraram as suas fardas
E com a vermelha cor
Dos cravos nas espingardas
Granjearam-nos o respeito
Do mundo, à volta de nós
Ao destroçar do conceito
Do «orgulhosamente sós»…
Demonstraram à evidência
O que somos e valemos
E esse alerta de consciência
Nunca mais o esqueceremos.
CAPITÃES DE ABRIL: A História
Pelos séculos vindouros
Perpetuará vossa glória
E vos coroará de louros,
E em grata emotividade
Nessa lusitana terra
Sempre o vosso nome há-de
Estar ligado a quanto encerra
A palavra: LIBERDADE!
Maria Amélia Carvalho de Almeida
(n. 03-12-1906)
de Santiago do Cacém (1984)
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