Quadras Para a Desconhecida
Que formosa deves ser…
Dava toda a minha vida
Só para te conhecer!
Do que as manhãs luminosas,
A tua carne dourada
Como há-de saber a rosas!
Será o manjar preferido
O teu corpo esmaecido
Todo nu e perturbante.
Com os teus lábios viçosos!
Os teus seios capitosos
Como hão-de saber amar!...
Serão o manto da noite,
Um refúgio onde me acoite
Do sol dos teus olhos garços.
Cabelos de noite escura;
Será feita de incoerências
Toda a sua formosura…
Os dias que vou vivendo
Tão desolados e tristes
É na esp’rança de que existes
Que os vivo… e que vou sofrendo…
Mário de Sá-Carneiro
2 comentários:
o primeiro poema que conheci dele, ouvi-o na voz do luis represas: "Fim". De quando em quando pono-me a trauteá-lo
"Fim" é dos poucos poemas que sei de cor. Para além de o saber de cor, há dias que me dá também para trauteá-lo, mas na versão dos "Resistência", cuja música tem o arranjo do João Gil e a voz de Olavo Bilac. Talvez já conheças essa versão... Muito bonita e extremamente melancólica!
"(...) E eu quero por força ir de burro"
Enviar um comentário