quinta-feira, agosto 02, 2007

Time For Peace, Time To Go

O Exército britânico concluiu à meia-noite de 31 de Julho, e ao fim de 38 anos, uma missão de "segurança" na Irlanda do Norte. Deixará de ser responsável pela segurança que passa a ser efectuada exclusivamente pelo Serviço de Polícia da Irlanda do Norte...



Eis uma “semi-boa” notícia! Finalmente…! O clima de terror que instalaram na região, patente em filmes como é o caso de “Em Nome do Pai”, não deixa saudades nenhumas!

Os ingleses foram pródigos em tiques ocupacionistas e imperialistas! Não esqueçamos que foi este nosso “aliado” que nos fez um Ultimato em 1890. Não esqueçamos que foram erros crassos deste país que contribuíram e muito para muitos conflitos (evitáveis) do séc. XX: Irlanda, Ilhas Malvinas, Médio Oriente…

E os ingleses nesta história da Irlanda, com os católicos irlandeses, foram do mais injusto de que há memória. Já desde o séc. XII que existem problemas naquela região fruto de divisões arbitrárias. Mas foi com Cromwell, conhecido pelo massacre de Drogheda (em que morreram largas centenas de pessoas), que as injustiças se foram agudizando. O protestantismo ganhava força na Irlanda fruto duma enorme emigração de protestantes da Inglaterra e Escócia para a Irlanda do Norte. As melhores terras eram oferecidas a protestantes e rapidamente os católicos passaram a minoria. Não esqueçamos que a Irlanda (a ilha por inteiro) era um estado independente…

Com tanta injustiça, não é de admirar o surgimento de milícias anti-ocupação como foi o caso do IRA. Não se trata de concordar com os actos desde grupo armado, mas compreendo perfeitamente o que os levava a praticar actos tão brutais. Mas os ingleses também não ficavam (absolutamente nada) atrás…

Já no séc. XX surgiram os primeiros conflitos atribuídos ao IRA e em 1918 começou uma guerra entre irlandeses e ingleses que culminou no famoso Ireland Act (com efeitos a partir de 1921), que determinava a formação de um Estado Livre da Irlanda (Eire) e de uma província do norte (Ulstler), de maioria protestante e que continuava ligada aos ingleses. O grande impulsionador deste tratado foi Michel Collins, um estadista que não era a favor da violência nem do terrorismo, mas que sentiu que a única forma de pressionar os ingleses a negociar era através do uso de guerrilha cirúrgica. E este resultado, não sendo bom... sempre era melhor que nada!

Só em 1949 é que os ingleses reconheceram formalmente a independência da Irlanda, mas não souberam devolver na totalidade o que haviam roubado séculos antes.

Mas a guerra continuou... O facto de a Inglaterra não ter devolvido a Irlanda do Norte aos Irlandeses só incentivou mais a luta armada contra os ocupantes... Até que o conflito conheceu os seus momentos mais dramáticos (ver post de Janeiro neste blog), durante uma manifestação pacífica e contra a lei "Internment" (introduzida pelo governo britânico em 9 de Agosto de 1971) e que permitia à polícia prender qualquer pessoa sem, julgamento, desde que fosse suspeita de terrorismo. O exército britânico abriu fogo sobre esse grupo de manifestantes civis, pacíficos e desarmados, matando 13 pessoas... Foi o dia que ficou conhecido como "Sunday, Bloody Sunday". Graças a esta tragédia, o IRA consegiui recrutar um mar de jovens que se alistavam para defender a causa independentista.

Em Maio de 1998 foi assinado o Tratado de Paz em que um dos pontos diz cinicamente que a Irlanda do Norte continua a pertencer à Inglaterra a menos que a maior parte da população opte pela separação. Isto é de risos! Com a política ocupacionista promovida pelos ingleses ao longo dos séculos com particular incidência sobre a província do Norte (Irlanda do Norte), está claro de ver que a maior parte dos seus habitantes são protestantes…

Claro que o tratado de paz assinado em Maio de 1998 não é justo na minha opinião… mas é sempre preferível a PAZ!



(...)
Soldiers are we
whose lives are pledged to Ireland;
Some have come
from a land beyond the wave.
Sworn to be free,
No more our ancient sire land
Shall shelter the despot or the slave.
Tonight we man the gap of danger
In Erin's cause, come woe or weal
'Mid cannons' roar and rifles peal,
We'll chant a soldier's song.
(...)

2 comentários:

Ana disse...

esta história é tão longa que exietem sempre pormenores que escapam:) bom resumo, obrigada

Rui disse...

Para um apaixonado pela Irlanda, é natural que vá sabendo umas coisitas... ;-)
Para infelicidade daquele povo, pouco têm conhecido o sabor da verdadeira Paz!
Quem sabe... no Futuro?

 
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