terça-feira, novembro 28, 2006

Solidão


Teus olhos… entorpecidos, vagos e distantes

Se fixam nas sombras que dançam,

Soltas na penumbra dessas paredes

Que te amargam e sufocam,

Olhar marejado de lágrimas dolentes e secas,

Correndo, quais ribeiras no estio,

Por teu sereno rosto, abrindo finas frestas

Nesse manto diáfano e frio.


As promessas de eterno amor, que te juraram

De tão efémeras diante da ara abençoada,

Amargas recordações se tornaram…

E para sempre se tornem coisa maldita e amaldiçoada!

E todas as mágoas e amarguras que foste perdoando

Com incompreendido amor e paciência resignada,

Em egoístas e parcas palavras te foram pagando,

Destruindo teus sonhos... em ruína não anunciada.


Mas a brutal tristeza em ti se foi finando

Dando lugar à sempiterna impressão

De novamente... estares percorrendo

Um caminho triste e pleno de solidão.

Mas deixa que os pensamentos se escapem voando,

Libertando-os dos escombros dessa maldição

Que o teu corpo, teimava ir acorrentando

Toldando-te o ver… o amor e a razão!



ARPC (2006)

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