Solidão
Teus olhos… entorpecidos, vagos e distantes
Se fixam nas sombras que dançam,
Soltas na penumbra dessas paredes
Que te amargam e sufocam,
Olhar marejado de lágrimas dolentes e secas,
Correndo, quais ribeiras no estio,
Por teu sereno rosto, abrindo finas frestas
Nesse manto diáfano e frio.
As promessas de eterno amor, que te juraram
De tão efémeras diante da ara abençoada,
Amargas recordações se tornaram…
E para sempre se tornem coisa maldita e amaldiçoada!
E todas as mágoas e amarguras que foste perdoando
Com incompreendido amor e paciência resignada,
Em egoístas e parcas palavras te foram pagando,
Destruindo teus sonhos... em ruína não anunciada.
Mas a brutal tristeza em ti se foi finando
Dando lugar à sempiterna impressão
De novamente... estares percorrendo
Um caminho triste e pleno de solidão.
Mas deixa que os pensamentos se escapem voando,
Libertando-os dos escombros dessa maldição
Que o teu corpo, teimava ir acorrentando
Toldando-te o ver… o amor e a razão!
ARPC (2006)
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