quinta-feira, novembro 30, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006
Solidão
Teus olhos… entorpecidos, vagos e distantes
Se fixam nas sombras que dançam,
Soltas na penumbra dessas paredes
Que te amargam e sufocam,
Olhar marejado de lágrimas dolentes e secas,
Correndo, quais ribeiras no estio,
Por teu sereno rosto, abrindo finas frestas
Nesse manto diáfano e frio.
As promessas de eterno amor, que te juraram
De tão efémeras diante da ara abençoada,
Amargas recordações se tornaram…
E para sempre se tornem coisa maldita e amaldiçoada!
E todas as mágoas e amarguras que foste perdoando
Com incompreendido amor e paciência resignada,
Em egoístas e parcas palavras te foram pagando,
Destruindo teus sonhos... em ruína não anunciada.
Mas a brutal tristeza em ti se foi finando
Dando lugar à sempiterna impressão
De novamente... estares percorrendo
Um caminho triste e pleno de solidão.
Mas deixa que os pensamentos se escapem voando,
Libertando-os dos escombros dessa maldição
Que o teu corpo, teimava ir acorrentando
Toldando-te o ver… o amor e a razão!
ARPC (2006)
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domingo, novembro 26, 2006
Para reflectir...
Não há nada mais prático do que uma boa ideia. Uma boa ideia não é apenas algo de interessante que nos vem à cabeça, mas é, sobretudo, um propósito que nos leva a fazer o bem e a querer ser bons. Há pessoas que ficam a discutir ideias até se desgastarem. E há outras que procuram confrontar as suas ideias na acção para mudar o mundo.
Pe. Vasco Pinto Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"
Soprado por Rui à(s) 05:25 0 fragrâncias
sábado, novembro 25, 2006
A Canção do Delirante Aengus
Eu fui para uma floresta de nogueiras,Porque minha mente estava inquieta,
Eu colhi e limpei algumas nozes,
E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo;
E, quando as claras mariposas estavam voando,
Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas,
Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho
E capturei uma pequena truta prateada.
Quando eu a coloquei no chão
E fui soprar para reativar as chamas,
Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir,
E, alguém me chamou pelo meu nome:
Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente
Com flores de maçãs nos cabelos
Ela me chamou pelo meu nome e correu
E desapareceu no ar, como um brilho mais forte.
Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos
Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,
Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,
E beijar seus lábios e segurar suas mãos;
Caminharemos entre coloridas folhagens,
E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo
As prateadas maçãs da lua,
As douradas maçãs do sol.
William Butler Yeats (1899)
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