quarta-feira, abril 29, 2009
sábado, abril 25, 2009
Esta é a madrugada
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo”
Sophia de Mello Breyner Andresen
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sexta-feira, abril 24, 2009
Onde a luz é feliz e se demora
entra na casa.
Consente na doçura, tem dó
da matéria dos sonhos e das aves.
Invoca o fogo, a claridade, a música
dos flancos.
Não digas pedra, diz janela.
Não sejas como a sombra.
Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.
in "branco no branco" - Eugénio de Andrade
parabéns...
[i'm so happy and speechless]
:-D
Soprado por Rui à(s) 12:52 0 fragrâncias
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segunda-feira, abril 13, 2009
Enquanto o bizarro mundo continua a girar
Não há uma realidade única, cabo. Há muitas realidades. Não há um mundo único. Há muitos mundos, e todos eles evoluem paralelamente uns aos outros, mundos e antimundos, mundos e mundos-sombra, e cada mundo é sonhado ou imaginado ou escrito por alguém num outro mundo. Cada mundo é a criação de uma mente. (...)
O real e o imaginado são um só. Os pensamentos são reais, mesmo quando pensamos em coisas irreais. Estrelas invisíveis, céu invisível. O som da minha respiração (…). Orações antes de adormecer, os rituais da infância, a gravidade da infância. Se eu morrer antes de acordar. Com que rapidez tudo se vai. Ontem uma criança, hoje um velho e, desde então até agora, quantas batidas de coração, quantos movimentos respiratórios, quantas palavras ditas e ouvidas? Alguém que toque em mim. Põe a tua mão no meu rosto e fala comigo…
In “Homem na Escuridão” – Paul Auster
Soprado por Rui à(s) 22:08 0 fragrâncias
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quarta-feira, abril 08, 2009
Regresso...?
Os instantes que vivo
não são a minha vida:
ela voa perdida
no desenho furtivo
de uma breve asa ferida
daquele pássaro esquivo
que anda desaparecido
e continua à deriva
desde que sou crescido
e perdi o sentido
da verdade mais viva.
E por mais que persiga
esse rasto infinito
não há voz que me diga
se a memória de um grito
é tudo o que me liga
ao primeiro suspiro
dessa ave iludida
cujas asas eu firo
sem saber se consigo
descobrir a saída
rumo àquele céu antigo
onde deixei a vida.
Fernando Pinto do Amaral
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